sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Democratização da cultura

Um dia qualquer, ele se sentou ao meu lado e estranhou a minha calma, a minha sensatez.
Perguntou-me o que se passava.
Ingenuamente disse que não havia acontecido nada. Ingenuamente porque ser ingenuo não é você não confiar em ninguém e sempre ter uma ressalva para fazer a respeito de qualquer pessoa que já tenha passado em sua vida. Ingenuamente porque não permiti a ele que soubesse a verdade.
Um certo poeta, há algum tempo atrás, disse que sua alma havia partido como uma vaso vazio.
Verdade seja dita, muitas pessoas tem a alma partida como um vaso vazio.
Mas na maioria das vezes, não é pelo fato do vaso estar vazio que nossa alma se parte. Mas por não suportar a imensidão de sentimentos que guardamos dentro do vaso, e que, ingenuamente, repetimos hárduamente para os outros que não foi nada, na tentativa de convencermos a nós mesmos que não foi nada.
E esquecemos o valor do compartilhar. Do partilhar. Não de dividir os nossos problemas com os outros. Mas de nos sentirmos.

A cultura de um país ou de uma sociedade não se constrói pela quantidade de óperas ou de obras de arte reconhecidas que ele foi capaz de realizar. Mas pela quantidade de obras dos vasos de cada um de nós que possamos suportar em conjunto. Democratizar a cultura é fazer a luta de um parte re-partida ser de todo um povo. Fazer com que uma música ouvida não seja de uma classe, mas de pessoas que carregam os mesmos sentimentos consigo.

Se ele se sentasse ao meu lado outra vez, pediria para ele suportar comigo. Não para que ele carregasse a quantidade de pedras que carrego. Mas para que ele amenizasse a dor com a sua presença. Que não é por fora parecerem bonitas sensatas e amenas que por dentro não são uma espécie de vulcão em erupção. Ou como a lua cobrindo o sol, numa eclipse.

Façamos de todos nós um grande espetáculo.

Certa vez, disse a uma amiga que no meu espetáculo não tem que comprar entrada, é cultura para todos. Não sei porque não disse isso a ele.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Desaviso.*


“Quando eles se cansavam de andar pelas ruas, eles pediam:
- Mãe, eu quero ir para casa!
Aí eu tinha que explicar para eles: nós não temos casa, até eles se acostumar....”
(Wagner Celestino. Cortiços, uma realidade que ninguém vê)



Amar ao próximo como a si mesmo. Quem é o seu próximo?

Tranformação.
Tranform-Ação.


*Publicado em 15/07/2006 em muitos dos blogs que já tive pela vida. Nunca é tarde para abrir os olhos.

sábado, 4 de outubro de 2008

ditadura.

Amar em silêncio
Chorar em silêncio
Rir em silêncio.

Amar e ser amado
Fazer-se importante
E saber que é.

E continuar vivendo
E chorando
Em silêncio.

A voz não silencia por medo
Mas por compaixão
Silencia porque sabe que por mais que grite
Nada mudará.

Perder-se entre as vontades
De esquecer
Ou de esperar.

Sonhar
Para que um dia não haja mais amor
Mas que se houver
Possa desabrochar

Para que um dia não haja mais choros
Mas que se houver
Que possam ser vistos

Para que sempre haja risos
E que eles possam ser compartilhados.


Talita São Thiago Tanscheit- 02/06/2008

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"Tenho apenas duas mão e o sentimento do mundo."


Não como uma pretensão de se equiparar a Drummond, ou coisa que o valha.

Mas como um exercício que todos nós deveríamos fazer todos os dias,

ou sempre que possível.