segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Naquele dia lindo de verão, em uma tarde ensolarada de sábado, ele olhou para ela como se fosse lágrima. Ele, sentado embaixo de uma árvore, não percebeu o que estava ocorrendo naquele exato instante. Não percebeu o imperceptível. Ela, jorrou-lhe meia dúzia de palavras chulas, esperando que depois disso ele corresse para abraçá-la. Ao contrário do que ela pensou, ele continuou olhando-a como se fosse lágrima. E ele não chorava, mas ela, sim, ela chorava muito. Ele não pode dizer nada. Como de costume, eles nunca podem dizer nada, eles nunca dizem nada. Apenas as encaram, esperando que tudo volte a ser como era antes.
De repente, como num gesto súbito, ele levantou da sombra que estava sentado e -sem dizer nada- passou a mão nos seus rostos fraternalmente, enxugando as suas lágrimas que corriam como o véu de uma noiva e a abraçou. Ele e ela sabiam que aquela seria a última vez que ele enxugaria as suas lágrimas. E o primeiro, de muitos 'Adeus' que eles começariam a dar ao longo de suas vidas.