quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal: ame ou deixe-o.

Que o dia 25 de dezembro seja a única data presente em nossos calendários e que os únicos presentes dados sejam amor, carinho, esperança, alegria e sorrisos, muitos sorrisos.
Que não seja época de consumismo e de shoppings funcionando 24 horas por dia. Mas que se for, que esta não seja a prioridade.
Que a prioridade seja lembrar de Jesus. Independente de religiões, independente de tudo.
Lembrar de Jesus como um revolucionário, como um companheiro. Porque companheiro é quem compartilha o pão, e quem compartilha o pão compartilha a vida. A ponto de dar a sua própria vida para mostrar que sonhos são a prova de tudo, para mostrar que sonhos não envelhecem.

O fim-de-ano chega. Que cheguem esperanças e metas.
Mas que as metas sejam contra a maré, por favor.
Se não a gente cresce, casa, tem filhos-casa-carr0, morre e a hipocrisia e a fome permanecem.
E o que fizemos de nossa existência?


Que neste Natal e Neste fim de ano, nunca esqueçamos de um coisa:
o socialismo é o nome científico do amor.

MUITO AMOR PRA TODO MUNDO.

Porque é isso que Jesus queria. Ame ao próximo como a si mesmo e seja capaz de tremer de indignação perante uma injustiça, para sermos companheiros.

Um 25 de dezembro diário para todos vocês!


*Escrito com uma mistureba de Frei Betto, Che Guevara, Los Hermanos e Jesus. Um monte de palavras cuspidas buscando se encaixar neste quebra-cabeça. Hoje, por favor, não me xinguem pela falta de paciência, pela ausência da norma culta ou de concordância. Apenas pensem. É isso que eles não querem que façamos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

triste cotidiano.

Eu pensava que sábado normalmente fosse um dia feliz para as pessoas do Rio de Janeiro. Dia de sair, ouvir um samba, tomar cerveja com os amigos e as amigas, se deliciar a noite e se o dia for ensolarado ainda poder ir à praia pela manhã.
Este sábado fui para mais um dia de alegria. Porém uma imagem ficou na minha cabeça quando me dirigia a uma noite maravilhosa. Como se fosse um carro de vendedor de sorvete, em que o sorveteiro sai a rua e distribui picolés para as crianças (como nos filmes), vi uma patrulha policial em que saiam 4 destes com fuzis nas mãos em direção a um bar, aqui do Centro de Niterói. Passei por esse bar e vi pessoas se escondendo embaixo dos carros, parecendo aterrorizadas. Passado isto, fiquei pensando como esta cena seria condenada se fosse na Zona Sul ou em um bar que os filhos da classe média frequentam por esses lados da ponte. Comentei com uma prima que estava no carro comigo, e ela disse: -Eu nem me abato mais, pois se não ficaria todos os dias triste.
Essa cena desde sábado não sai da minha cabeça. A que ponto nós chegamos? A ponto de não nos abater? Que fiquemos tristes, que choremos, que gritemos. Que choremos de raiva.
Fiquei pensando nas milhões de pessoas espalhadas pelas periferias do Brasil que tem que se esconder, e se deparar com policiais com fuzis na mão é algo cotidiano. Gente inocente, gente com filho, gente que viver é uma batalha. Uma batalha contra balas perdidas, contra filhos assassinados, contra a fome.
E a gente se assustando e chorando com casos como o de Isabela Nardoni. E não chorando e se assustando com crianças que morrem quando jogavam bola com os amigos em suas favelas.
Em tempos de caveirão, de tráfico de armas, de ausência total de sensibilidade, nunca é demais citar Brecht:

"Desconfiai do mais trivial , na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar".

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

um pouco de Los Hermanos


(...)"Depois de ter vivido o óbvio utópico
te beijar, e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural
Eu fui pra aí te ver, te dizer:

Deixa ser, como será
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar
Deixa ser como será
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar"(...)

Los Hermanos faz parecer tudo mais fácil. Faz crer pelo menos que existe gente em diferentes lugares sentido o mesmo que a gente. Hoje foi dia de overdose de Los Hermanos, e eu aconselho, faz bem.
Nós, que achamos que sempre estamos tendo o controle das rédeas da nossa vida.
Nós, que achamos que guiar-se pode ser algo simples e fácil.
Quantos de nós que pensamos que tudo sempre seria simples e fácil não nos vimos perdendo o controle em algum momento?

Pelo simples fato de que existem certas coisas na vida que fogem a direção e que por mais que não queiramos seguir nesta direção, os ventos já mudaram e buscar domá-los torna-se apenas um exercício cansativo e em vão, na maioria das vezes. São os ventos fortes, que tanto nos incomodam seja na praia ou nos sentimentos.
Ouvir Los Hermanos me trás a sensibilidade para aprender que não podemos lidar mais com os dados que estão jogados na mesa, e ao mesmo tempo a percepção de que ainda existem dados rolando, nesta mesma mesa em que existem dados parados, estáticos.
Deixar "ser como será" não diz respeito aos estáticos, mas os que estão rolando e não por conta própria, mas porque nos deixamos ele rolar. Ouvi-los e senti-los me faz odiar os dados estáticos ao mesmo tempo que me faz não apenas entender o "ser como será" mas entender que apesar de existirem muitos dados, ainda existem muitos números em aberto que precisam seguir seu curso e precisam da nossa ajuda para seguir o curso. Por mais que seja difícil, por mais que doa, mas por ser necessário e por nos fazermos superar algo, independente do tempo que demore para superar esse algo, tão abstrato.

Quer saber? Los Hermanos está me fazendo uma pessoa metafórica e antiquada. Mas eu não ligo.

Ninguém deve ser condenado por gostar do amor.