quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Depois de dias com os pés descalços
a rotina de viver assusta.
Há uma normalidade no dia-a-dia que não deveria ser.
Há uma densidade e um sentimento de que nada será como antes,
mas como sempre.
É a aceitação de que a refuta é o correto
De que a ausência do ser é a presença
É a necessidade de nos conformarmos em sermos permanentes.

Não confio em militantes que se confortam com a rotina.
Eu tenho vários "eus" militantes espalhados por aí,
e faço questão de dar atenção a todos.
Ora mais ao mar, ora mais a terra.
Ora, as cachoeiras.
Ora, até a normalidade. Mas nunca permanente.

Há uma descrença no que foge ao habitual que me inunda
Há uma necessidade de anular a palavra "hábito" do dicionário.
Há um desejo de que cada dia amanheça como deve ser: nos surpreendendo.

Quero ter sempre a chance de ser tudo sem saber:
e ao mesmo tempo de ver apenas o sol se pôr explodindo da minha garganta.
Qualquer coisa que não possa ser natural.