segunda-feira, 29 de junho de 2009

Coisas que deveriam ser ditas em um enterro:

"O que a gente está enterrando hoje, aqui neste cemitério, não é uma pessoa, um amigo, um pai, irmão ou uma avó. O que a gente está enterrando aqui hoje é o corpo, a carne de alguém. E esse alguém não foi algo, esse alguém é. Porque a vida, meus caros, não termina na carne, e desencarnar é um processo constante para o espírito de cada um de nós.
Ninguém deixa de ser, a pessoa sempre será. A morte é apenas uma travessia do corpo, carnal, para o espírito, que é imortal. E o espírito das pessoas que amamos está eternizado para sempre em nós mesmos. Não na nossa carne, porque um dia a gente também termina. Mas no ideário dos melhores sentimentos que existem e que não se limitam ao nosso espírito, mas a toda a psicosfera que ainda hoje não podemos explicar o seu tamanho e a abrangência.
Usemos esta cerimônia para celebrar e homenagear, não pontualmente. Mas que esta seja a primeira das constantes homenagens ao nosso(a) amado, tendo a certeza que com o tempo, todos nos encontraremos e nos reiventaremos, fortificando e amadurecendo o nosso amor ao próximo, e extendo-o ao infinito.
Porque a carne, a gente mata. Mas o amor sempre sobrevive."

3 comentários:

Broz. disse...

Que lindo Talita, eu leria seu texto no enterro do Michael.
To gastando, mas é bonito mesmo, gostei...

Sergio disse...

Soneto de quarta-feira de cinzas

Por seres quem me foste, grave e pura
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada

Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada

Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura

Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.

Soneto de quarta-feira de cinzas

Por seres quem me foste, grave e pura
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada

Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada

Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura

Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.


Vinicius é mais q um tradutor. É um poeta. Mas todo mundo já sabe disso.

Tiago de Paula disse...

vou pensar