quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Eu poderia ter um viveiro em casa. Nesse viveiro estariam todos os meus amigos. Mas não seria um viveiro que aprisiona e que não deixa a pessoa sair. Seria um viveiro ao ar livre, onde todos poderiam sempre sair, mas todos sempre voltariam, porque não haveria lugar melhor no mundo do que aquele viveiro.
Nele estariam os rouxinóis e os canários. Teriam poucos tiês-sangues, para lembrar da Ilha Grande e dos grandes amigos que fazemos. E dos lugares que se tornam cativos. Este viveiro com certeza seria um lugar cativo.
Todo dia de manhã esses pássaros cantariam e me acordariam. Não por obrigação, apenas por serem bons amigos. Depois disso eles iriam em outras casas para alegrar as pessoas tanto quanto eles alegram a mim.
Cada pássaro seria para um pensamento ou uma ação diferente. O rouxinol para risadas, o tiê-sangue para a filosofia. O canário para a música, ou para a capoeira.

Eu poderia ter um viveiro em casa. Mas os pássaros viveriam muito menos que eu e eu me sentiria muito triste sem eles. E não adiantaria se viessem outros, porque eles seriam tão queridos quanto, mas não cobririam o espaço. É como se a cada pássaro que fosse embora, uma parte do meu corpo saísse. No fim eu até estaria aqui, mas muda e estática.
Ainda bem que eu só poderia ter um viveiro em casa. Pensando bem, prefiro ficar sem o viveiro. Assim espalho meus amigos e permito que eles ecoem seus cantos aos quatro cantos do mundo.

Meus amigos bem que poderiam ser pássaros, mas ainda bem que não o são.

2 comentários:

Unknown disse...

Lindo e sincero.
de que livro dela você fala?

Um beijo!!!

Li disse...

Luisa, não consigo te acessar, nem sei de que Luisa se trata.
Me alumeie, por favor!